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Executar Projetos de construção civil é uma atividade regulamentada para engenheiros e arquitetos. No entanto, ainda hoje, muitas pessoas consideram que fazer um projeto prévio, antes de construir,  é algo plenamente dispensável. Ou então, ainda é muito comum, potenciais clientes, durante uma consulta para o projeto de uma construção, chegarem com o projeto pronto, idealizado segundo sua conveniência e convicção e perguntam quanto custa “só para assinar o projeto”.

Na verdade, as coisas não são assim tão simples. Um bom projeto, executado por um profissional habilitado fornece as diretrizes para que a construção seja executada de forma a garantir sua estabilidade estrutural e conforto de seus ocupantes.

O propósito desse texto é descrever de forma resumida, quais são os projetos essenciais para pequenas construções.

O que é um bom Projeto?

O custo de um projeto varia de 2% a 5% do custo total da obra e é um valor muito baixo comparado com o benefício que traz, ao evitar improvisações na obra. O nível de detalhamento deve ser tal que evite ao construtor, durante a obra, tomar decisões que impactem em mais despesas e custo, além de impactar no prazo e qualidade da obra.

e o engenheiro falou de um tal de memorial descritivo...

O Memorial Descritivo (MD) é um documento textual onde se descreve as especificações da obra. Normalmente, aborda também questões relativas ao terreno, suas dimensões e características. No MD, numa sequência lógica da construção, todas as fases são descritas e as soluções técnicas adotadas são detalhadas de forma a descrever como a construção será executada. Por exemplo, no MD o responsável técnico define o tipo de fundação que será utilizado (broca, sapata, radier, etc); a estrutura da edificação (alvenaria estrutural, concreto, aço, etc); o tipo de laje (maciça, pré-moldada, etc); especificações para instalações hidráulica e elétrica e tudo que for pertinente para caracterizar e especificar de forma clara os materiais de aplicação na construção. No MD, também são fornecidas orientações para o processo de construção com tabelas e memórias de cálculo que em conjunto com as plantas, fornecem as orientações necessárias para o construtor

1. Projeto de Aprovação Legal

É o projeto que deve ser apresentado junto à Prefeitura para obtenção da Licença de Construção ou do Alvará de Construção. O nível de detalhamento desse projeto varia de acordo com a legislação do município mas de uma maneira geral, a Prefeitura verifica se o Projeto atende os padrões urbanísticos definidos no Código de Obras do Município, verificando se a obra é compatível com o zoneamento urbano, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, recuos e limites, índices de iluminação e ventilação.

2. Projeto Arquitetônico

O Projeto de Arquitetura é a principal peça gráfica da construção. todos os demais projetos deverão ser feitos considerando o projeto arquitetônico. Enquanto o Projeto de aprovação Legal traz as informações requeridas pelo órgão público para aprovação da construção, o projeto de arquitetura deve conter todas as informações necessárias para o construtor executar a obra. O projeto de arquitetura pode ser entendido como um projeto executivo, e deve detalhar pontos de nível, afastamentos e cotas, dimensões finais de paredes, especificações de materiais de aplicação, tabelas e gráficos ilustrativos relacionados com projetos de instalações e toda informação pertinente para garantir que a construção finalizada esteja de acordo com os requisitos do cliente.

3. Projeto de Fundações

O principal objetivo é definir o tipo de fundação que será utilizado a partir de informações que o responsável técnico obtém do terreno a partir de uma verificação local ou por intermédio de uma sondagem. No projeto de fundações, são locadas as brocas, estacas, baldrames, etc. São fornecidos desenhos em escala dos elementos da fundação e da armadura, incluindo cotas de brocas por exemplo, nível de valas e condições de nivelamento, ferragem de arranque para dar continuidade ao elemento estrutural, informações sobre traço de concreto a ser utilizado, e tabelas e gráficos, especificando claramente todo o material de aplicação utilizado.

4. Projeto estrutural

O Projeto Estrutural detalha os elementos que transferem a carga da edificação para o solo. É onde detalhamos as vigas, pilares, lajes e demais elementos estruturais da edificação. Esse projeto vai depender do método construtivo adotado, caso a obra seja feita em concreto armado, alvenaria estrutural, aço, etc. No projeto estrutural, todos os elementos devem ser detalhados, definindo cotas e dimensões. Detalhes de forma para concreto, armadura e traço de concreto utilizado. Se for utilizado alvenaria estrutural, os blocos devem estar claramente especificados e a paginação de montagem das paredes detalhada. Se for utilizado aço, definir os perfis e o tipo de aço utilizado, definindo tipo de soldagem ou a especificação dos parafusos. Normalmente, essa etapa é, em termos percentuais, a mais cara da obra e merece uma atenção especial.

5. Projeto de Instalação Hidráulica

Trata-se de um grupo de projetos que definem a forma de utilização da água na edificação, conforme detalhamento abaixo:

5.1 Projeto de Água Fria

Define a capacidade do reservatório de acumulação para atendimento dos ocupante do imóvel e a distribuição, a partir do cálculo hidráulico das tubulações e conexões que irão alimentar os diversos pontos de consumo. Normalmente relegado e desprezado pelos proprietários, o projeto hidráulico garante que a instalação seja dimensionada de forma adequada para que o sistema hidráulico funcione adequadamente. Desconsiderar esse projeto é correr o risco de ter um chuveiro sem pressão  e vazão suficientes ou um banheiro com odor por falta do ramal de ventilação e reparar instalação hidráulica depois de pronta é aborrecimento e prejuízo na certa. Para todos os sistemas hidráulicos, incluindo água quente, gás e esgotos, é importante garantir que não haja interferência entre tubulações e elementos estruturais da edificação evitando dessa forma, soluções de improviso e gambiarras executas na obra.

5.2 projeto de água quente

Dimensionamento e cálculo hidráulico da tubulação de água quente da edificação. No projeto é importante especificar o material da tubulação de forma clara (PCV, cobre), definir os pontos de consumo para estabelecer equilíbrio de pressões nos misturadores de água fria e quente, formas de acumulação de água quente, sistemas de aquecimento (solar, elétrico, gás, etc). 

5.3 projeto de esgoto

Dimensionamento das tubulações de captação de águas servidas e disposição na rede pública. é outro sistema normalmente relegado pelos proprietários que depois tem que conviver com vazamentos devido a emendas feitas à fogo (desprezo com conexões), subdimensionamento de ralos e falta de ramal de ventilação provocando odores nos ambientes.

5.4 drenagem de águas pluviais

Trata-se de uma opção de projeto dentro do conceito de construção sustentável. A utilização da água de chuva traz economia para a residência. Apesar de não ser potável,  a água de chuva pode ser utilizada como água de reuso, lavagem de pisos, jardinagem.

6. projeto de instalações elétricas

No Projeto de instalações elétricas, o engenheiro define, a partir dos pontos de consumo definidos pelo proprietário, a carga a ser instalada e o dimensionamento dos cabos e circuitos de proteção. Trata-se de um projeto de extrema importância, em virtude dos riscos associados a incêndio que sistema subdimensionados podem trazer. Outro aspecto relevante é a garantia de conforto que um projeto bem feito traz, garantindo a alimentação adequada de cada ponto de consumo, evitando gambiarras e dor de cabeça no fim da obra.

6.1 projeto de iluminação

O projeto de iluminação é uma variante do projeto elétrico. Por muitos ainda é considerado desnecessário, mas o fato é que em uma residência, a iluminação pode causar um efeito surpreendente no conforto dos ocupantes. O projeto de iluminação deve considerar os pontos de iluminação, localização dos comandos, tipo de lâmpada a ser utilizada e em conjunto com detalhes de rebaixo de teto e sancas, traz beleza ao ambiente sendo um investimento que vale a pena considerar para garantir o conforto final dos ambientes.

7. integração de projetos

Em uma construção, seja em uma residência ou em um prédio de múltiplos andares, todos os projetos devem funcionar e ser pensados de forma conjunta. Não adianta projetar a arquitetura e os demais sistemas serem definidos de forma destacada e independente, sem considerar os efeitos da integração e interferência que provocam entre si. Por ser o documento principal, o projeto de arquitetura deve ser o referencial para todos os demais projetos. Elementos estruturais como vigas e pilares devem levar em consideração as limitações arquitetônicas e já na concepção do projeto estrutural, o projetista deve levar em consideração essas limitações. Interferências entre projetos como a passagem de tubulações no interior de elementos estruturais descaracterizando vigas e pilares e comprometendo a estabilidade estrutural da edificação; tubulações de gás dentro de quadros elétricos e outras situações que deixam claro a falta de compatibilização entre os projetos devem ser evitadas e dependendo da complexidade da obra, a contratação de profissional independente para garantir essa integração pode ser requerida.

De qualquer forma, um projeto bem elaborado deve sempre levar em consideração a necessidade de seus ocupantes e é exatamente a satisfação dessas necessidades no final da obra que vai garantir que o projeto foi bem executado para garantir a qualidade da obra final.

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